Consistência Alimentar: Qual é o papel da nutricionista quando há indicação de modificar a consistência da dieta?!

A fonoaudióloga, especialista em disfagia (dificuldade para engolir) introduziu ou modificou a consistência da dieta do bebê/criança. E agora? É bastante comum a presença de baixo peso ou risco de, pois são crianças que normalmente não conseguem se alimentar de forma efetiva, com gasto energético aumentado durante as refeições, bem como considerável recusa, se esta consistência não estiver adequada.
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A fonoaudióloga, especialista em disfagia (dificuldade para engolir) introduziu ou modificou a consistência da dieta do bebê/criança. E agora?

 

Essa indicação pode ocorrer em diversas situações: início da introdução alimentar (IA) complementar (crianças com atraso no desenvolvimento global ou doença de base, que impeça a introdução da IA tradicional); transição entre uma via alternativa de alimentação (sonda nasoenteral ou gastrostomia) para via oral; bebês e crianças com novos riscos associados à alimentação e deglutição, em que há a necessidade de regressão da dieta. Sendo que essa condição poderá ser temporária ou permanente, a depender das especificidades de cada caso.

 

Por isso, é importante enfatizar o quanto as recomendações da fonoaudióloga devem ser seguidas de forma rigorosa e constante, visto que o impacto está diretamente relacionado ao risco iminente à vida (pneumonias de repetição por broncoaspiração e parada cardiorrespiratória, por exemplo).

 

No que diz respeito à Nutrição, é bastante comum a presença de baixo peso ou risco de, pois são crianças que normalmente não conseguem se alimentar de forma efetiva, com gasto energético aumentado durante as refeições, bem como considerável recusa, se esta consistência não estiver adequada.

 

Nesse contexto, são tarefas essenciais da nutricionista prevenir e recuperar o estado nutricional, assegurar a hidratação, auxiliar no funcionamento do intestino (poderá sofrer alterações), adequar a dieta conforme indicação de consistência alimentar segura, considerar preferências alimentares e contexto da família. Além de acompanhar exames bioquímicos de rotina e realizar suplementação adicional, quando necessária (posso detalhar esse assunto em outra oportunidade).

 

O que faz toda a diferença nessa mudança de consistência alimentar?

 

  • Introdução gradativa (não tenha pressa, terá uma vida inteira para conhecer todos os alimentos);

 

  • Oferta de alimentos separados, mesmo em uma consistência pastosa, por exemplo. É mais fácil de identificar possíveis alergias/intolerâncias, preferências alimentares, sabor dos alimentos juntos ou separados. Além da aparência da refeição ficar muito mais atrativa;

 

  • Adaptações para incluir alimentos preferidos (se já os tiverem);

 

  • Refeições INCLUSIVAS junto à família/cuidadores, mesmo que em consistências diferentes;

 

  • Utilização de utensílios (pratos, colheres, copos) agradáveis e familiares;

 

  • Apresentação de um mesmo alimento de forma variada.

 

 

É um trabalho em conjunto, uma perfeita combinação entre profissionais, MAS que só acontece com todo empenho, cuidado e amor da família dispensados diariamente.  



Referências

Costa WM, Nascimento GKB. Análise da mastigação e deglutição na paralisia cerebral com deficiência visual: estudo de caso. Distúrb Comum. 2021; 33(2): 204-212.

Menezes EC, Santos FAH, et al. Disfagia na paralisia cerebral: uma revisão sistemática. Rev. CEFAC. 2017; 19(4):565-574.

Mota MA, Silveira CRM, et al. Crianças com paralisia cerebral: como podemos avaliar e manejar seus aspectos nutricionais. International Journal of Nutrology. 2013; 6(2):60-68.

 

 

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Nathália Sorrini Fujita

Nutricionista Neuropediatra e Escritora

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